A “espiritualidade” do dedo

07:21:00




De um tempo pra cá, sinto um mundo mais cheio de amor, de perdão, de reconciliação... gentileza, então?!? Nem me fale.  De uma hora para outra as pessoas se tornaram amáveis, dóceis, profundas, cheias de ideais, motivadas, focadas...

“Só que não!” #SQN, em um bom e sonoro internetês.

Não sei se você vive isso. Se sim, dê um “joinha” aí pra eu ver!
Falo do bombardeio de informações que em todos os minutos recebemos... Todos os dias! Nem ainda faço o “sinal da cruz”, antes de abrir o “breviário”, já estão lá milhares (exagero) de mensagens de otimismo e fé. Se tantas são os gurus da primeira hora que as reproduzem nos smartphones, muito mais são as outras que prontamente reagem com um forte gesto de convicção: duas mãozinhas postas ou da carinha sorridente com auréola em cima.

Aqui justifico o meu #SQN às primeiras indagações.

Os aplicativos de interação social estão revelando (ou fazendo que sejamos) a pouca profundidade em que vivenciamos a oração, esta que deve ser alimento na vida de toda pessoa. Muito facilmente estamos substituindo o combustível espiritual necessário por material adulterado... Essa gana de repassar correntes, digitar améns, formar apologetas, ter uma sensação zen para as adversidades da vida, está se tornando aquela “gasosa batizada” que, podemos ter certeza, uma hora vai prejudicar.

Preocupo-me em se estamos facilmente nos convencendo de uma vida de oração que não existe. E agora posso trocar o termo “espiritualidade” por um “espiritualismo estéril”, esse que pode até parecer, mas não é.

Ou seja: À Deus nos dirigimos toda a vida, de verdade, ou somente preenchemos a memória dos celulares de frases de efeito? Ocupamos-nos com a meditação da Palavra de Deus em algum momento do dia, tirando para a caminhada os melhores direcionamentos para a vida ou somente compartilhamos o trecho do dia vindo daquele aplicativo descolado? Ajudamos realmente o próximo, rezamos pelos necessitados ou depois do emotion lançado a vida continua na velocidade de uma visualização? Somos acolhedores com todos que passam em nossa estrada ou o “bom dia” colorido do post florido passa longe do mal humor e a cara carrancuda nossa de cada dia?  Fazemos um caminho de formação e informação sério da caminhada de fé, com textos que ajudam no crescimento espiritual ou somos adeptos das “pseudografias baratas”, de textos que misturam o pensamento do escritor de autoajuda com a assinatura do Papa; que batem no liquidificador doutrinas inconciliáveis para ter como resultado uma mensagem de “paz e amor” (“e é isso que importa”).

Pois, bem. Tudo isso é perigoso. Não devemos substituir o peso que deve está sob os joelhos e colocá-lo somente no dedo indicador. Basta pensarmos que mesmo com tanta positividade no ar, vivemos no tempo em que mais coisa ruim acontece. Algo de errado tem aí.

Vivamos a fé. Não basta só “curtir”.

Vivamos em oração. Não basta só “compartilhar”.

Sejamos Amor. Não somente “S2”.

Se “a fé sem obras é morta”, imagine o botão compartilhar sem fé, sem obras e sem vida. É Spam! Vai para o lixo.

Paz e Alegria.

Pe. Flávio Porto




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